sábado, 26 de dezembro de 2009

A favor da necrologia

Como “não há bela sem senão”, estou a indicar uma falta que sinto no PÚBLICO. A continuar assim – com desgosto – acabo por mudar de jornal. O assunto é a chamada necrologia, ou seja, a necessidade que alguns leitores têm de comunicar e outros de conhecer as ocorrências que lhes dizem respeito.

Claro que vivo muito bem sem me lembrar das ocorrências, o pior é que hoje os leitores estão a contar com a divulgação dos jornais - já não se avisam parentes nem amigos do falecimento e funeral, de porta em porta. As famílias confiam na comunicação pelo jornal. Mas não pelo PÚBLICO!

Quando, tarde e más horas, sabemos, por outros meios, que “faltámos”, sentimos revolta e perguntamos: "Por que compro eu este jornal?" A primeira impressão que se tem é de revolta, e apercebemo-nos então da necessidade de mudar de jornal.

A par disso, e por não se sentir por aí essa necessidade, sente-se que alguém se rege por outros parâmetros, à revelia dos interesses do jornal. Parâmetros quanto a mim errados, pois vários semanários que recebo permitem-me ver como aproveitam os réditos dos anúncios em si, ao mesmo tempo que dão provas de se interessar por melhor informar os seus assinantes, que por isso ficam gratos. Nos semanários foi visível essa mudança de proceder, que além do mais lhes carreia anúncios. Entre os diários não é necessário esperar muitos dias sem que deparemos com três páginas de anúncios.

O segredo do comércio é SERVIR! A imprensa não pode fugir disso. Esta minha carta é uma reclamação ao vosso modo de “servir”. Este termo SERVIR no Dicionário da Porto Editora, 7ª edição, pág. 1646, tem muitos significados: por ex. "ter préstimo", ou seja, “ser útil”. Ignorar aquilo que os leitores reconhecem como importante afecta o “préstimo” do jornal, e as lacunas por falta de "préstimo" não são favoráveis ao futuro de nada.

Se me permitissem, sugeria que publicassem uma lista sintética, mas completa, com informes quanto a horários e locais, semelhante à lista da Bolsa, dos funerais que vos fossem comunicados pelas agências, serviço gratuito, durante um tempo reduzido, onde os leitores pudessem, de relance, aperceber-se daquilo que lhes interessava.
Estou convencido de que os movimentos das “Acções na Bolsa” teriam menos visitas que teria a informação sobre necrologia.

M. C. Santos Leite

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