domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre a questão principal

[Actualizado em 22/09/09]

Como leitor assí­duo do jornal, apenas tenho a lamentar o seu [do provedor] comportamento nos últimos tempos.

Dá a ideia de que, querendo fazer o papel de defensor da isenção do jornal, premeia quem claramente tem tido uma política de silenciamento da opinião livre na nossa democracia.

Bem sabemos da polémica dos ultimos dias, e eu sou o primeiro a criticar a ligeireza do director José Manuel Fernandes em incluir o SIS como responsavel do sucedido.

Ainda assim, concordará que não é muito normal a reacção do senhor primeiro-ministro, criticando acintosamente o director do jornal e por via disso o próprio jornal.

E lamento que não tenha referido e criticado esse tom no seu artigo de hoje.

Será que se vai prestar a ser mais uma "voz do dono"?

Não queira... o PÚBLICO não merece.

Só mais uma nota: porquê escandalizar-se com o vasculhar dos seus mails? Tem alguma coisa a esconder? Se não, não se preocupe... Acho que é normal, depois do caso passado, toda a gente ter os mails vasculhados, até para se saber quem foi o "bufo"...

Preocupe-se, isso sim, com o estado da nossa democracia e com o clima de suspeição que se vive neste país e contra o qual o jornal PÚBLICO tem sido, graças a Deus, um resistente.

Jorge Ramos
P.S. Espero que este mail não chegue às mãos do Governo...

Parabéns pela isenção, frontalidade e independência demonstradas ao longo de todo este processo conturbado das escutas da Presidência. Sou leitor do PÚBLICO há alguns anos, mas ultimamente tenho notado alguma inclinação ideológica por parte da linha editorial. Quero agradecer por tentar manter o PÚBLICO um jornal de confiança. Obrigado

Moreira Couto

Sendo leitor do PÚBLICO desde o nº1, apraz-me verificar que nesta fase negra do jornal e da sua linha editorial se mantém activo e publicado um Provedor, a meu ver lúcido e imparcial, defendendo princípios éticos, de verdade e deontológicos. Em suma, defendendo os direitos dos leitores e, como tal, do próprio jornal, que até há pouco era tido como exemplo de credibilidade.

Agradecendo a sua coragem e isenção, espero que a Administração da SONAE tenha a coragem de reconhecer que o tempo de José Manuel Fernandes já se esgotou, sob pena de matar o próprio projecto do jornal.

Da minha parte, terei grande dificuldade em voltar a comprar o "meu" PÚBLICO enquanto se mantiver esta direcção.

M.C.P.

Desejo felicitá-lo pela coragem que mais uma vez demonstrou no tratamento do estranho caso das "escutas" em Belém. Ainda me recordo da sua independência e honestidade intelectual no Expresso, que o levou, inclusivé, a ser "corrido". É isso, meu caro: neste país paga-se caro ter ética e ser vertical.

Sobre o caso das "escutas", e se me permite, gostaria de aqui deixar algumas considerações.

Primeiro (e considerando que tudo o que veio nos jornais intervenientes nesta história é verdade), lamentar profundamente o comportamento do Presidente da República. Desde o contacto do seu assessor com o PÚBLICO, até às suas últimas palavras - "eu também não sou ingénuo" -, transparece uma atitude pouco esperada, e muito censurável, do Presidente.

Esta atitude, ao alimentar uma novela pouco transparente e de objectivos muito duvidosos, é sumamente reprovável no mais alto magistrado da Nação. Com este seu comportamento, Cavaco Silva não presta um bom serviço ao país e vê a sua credebilidade perigosamente posta em causa. Se não existir uma boa explicação da sua parte para este caso, perderei o meu respeito pela sua pessoa.

Em relação ao PÚBLICO, e depois do que escreveu este domingo na sua coluna, pouco mais haverá a dizer. Apenas que, também aqui, é lamentável que um orgão de comunicação respeitável se digne entrar nestes jogos sujos da forma como o jornal o fez. Que crédito lhe daremos daqui para a frente? A atitude do director do jornal para consigo é reveladora dos objectivos que o norteiam (a ele, director) e dos métodos baixos que está disposto a utilizar para os obter. Felizmente, os leitores têm um provedor com a sua integridade.

Em relação ao DN, reprovando, naturalmente e a frio, a sua conduta ao revelar da forma que o fez o conteúdo do e-mail, não deixo de pensar que alguém teria de o fazer para se perceber em toda a sua extensão a cabala que Belém urdiu para "queimar" um governo que não será do seu inteiro agrado e abrir as portas a outro cenário com as próximas eleições. Assim, e perante comportamentos tão anómalos doutros que deviam dar o exemplo de lisura e seriedade, a decisão do DN até será a menos censurável.

E como vai terminar isto, meu caro? José Manuel Fernandes vai pedir a demissão e Cavaco tem a humildade de pedir desculpa aos portugueses? Tudo muito triste, não é verdade?

Obrigado pelo que tem feito pela independência e credibilidade da comunicação social em Portugal.

António Marquês

Quando há muito pouco tempo me referi ao seu trabalho, como Provedor do Público, “como um comentador dos comentadores”, parece que acertei. Ou seja, no momento, como espantosamente no PÚBLICO – que considero o meu jornal diário desde o primeiro dia - “agarrou” um tema um pouco escaldante - escutas PR –, que poderia – como aconteceu – ferir susceptibilidades internas, já foi apelidado de mentiroso e não só pelo Director do PÚBLICO. Penso que algo está a correr menos bem, e, tendo sido JMF um bom director do PÚBLICO, já o PÚBLICO teve mais directores e por certo outros ainda terá...

Augusto Küttner de Magalhãaes

Isto não vale de muito, mas, às vezes, conforta saber-se que o nosso trabalho é apreciado. Gostava então de lhe manifestar um enorme apreço pela sua inteligência, integridade e, nos tempos que vão correndo, coragem! Com os jornais todos em mãos de quem não gosta que se lhes mexa nos interesses, aqui sim se sente uma grande asfixia democrática. Se a J.M.F. lhe sobrasse alguma vergonha, restar-lhe-ia demitir-se.

Pedro Guedes de Oliveira

No seguimento dos seus últimos dois artigos de domingo, venho inquiri-lo sobre o seguinte: para além das regras deontológicas da profissão, não caberá também ao director de um órgão de contra-poder de referência que se pretende isento assumir as suas responsabilidades políticas (já que as tem) e apresentar a sua demissão, tal como qualquer outro detentor de cargo 'Público'? É confrangedor ver como José Manuel Fernandes tem tentado salvar a face e inaceitável a suspeição que lançou sobre as escutas ao seu jornal, arrastando atrás de si a credibilidade do projecto que dirige.

Na qualidade de assinante do jornal, i.e., "de quem lá põe dinheiro", venho pedir a demissão desta direcção. Ao provedor peço-lhe que prossiga com o seu trabalho.

Carlos Almeida

Há alguns anos que não escrevia para o provedor do PÚBLICO. Este acto, assíduo no passado, foi esmorecendo num paralelo a uma diminuição de uma rotina pessoal de dar primazia à compra do PÚBLICO, em detrimento de outros jornais. Quando, por ocasião da última remodelação do PÚBLICO, verifiquei que o seu director permanecia, perdi vontade de continuar a comprar o PÚBLICO. Entendo que as mudanças de líder são fundamentais para transformações. Na ausência de uma mudança de lider, senti que os "belicões" à desejada imparcialidade do "meu" jornal iriam continuar. Com efeito, a fim de evitar irritações (que são mais intensas quando se gosta do objecto), decidi afastar-me do PÚBLICO.

Hoje, em face da crise que o jornal atravessa, vislumbro possibilidades de mudança que me animam. As crises são, a par dos males que provocam, oportunidades. O seu artigo de opinião de hoje (domingo) reconcilia-me com o PÚBLICO. Permite-me acreditar que o PÚBLICO tem condições para ser aquilo que começou por ser, quando nasceu - um jornal que, na sua diversidade interna, rege-se acima de tudo pelos valores da imparcialidade, do bom jornalismo, da ética e deontologia jornalísticas. O Joaquim Vieira, através do seu artigo de hoje, personifica o que é o bom jornalismo e revela coragem. O seu artigo dá-me esperanças de me reconciliar com aquilo que, durante anos, achei que era o meu jornal.

Espero que esta crise abra portas para uma mudança e que se retome traços interessantes que antes existiam no jornal. Um jornal com equilíbrio entre notícias/textos em torno da actualidade nacional e em torno da actualidade internacional (permitindo-nos perceber o que se passa no mundo); um jornal não apenas circunscrito a Lisboa, mas com notícias sobre as várias regiões do país (vejo os Açores muito longe do jornal e mesmo da Madeira, que apesar de ter o Tolentino, não é tão coberta); um jornal que denuncia, mas com base em jornalismo de investigação e não em suspeitas (é muito comum no jornalismo português actual as suspeitas serem a notícia e não o "fio de um novelo" para a investigação). Um jornal abangente que não se resume ao tratamento do "mundo político", mas que abrange outras áreas de interesse para o leitor, desde a saúde à ciência, passando pelo ambiente e por temas de sociedade.

Não me queria prolongar muito e sobretudo perder-me no que me moveu a escrever-lhe: felicitar-lhe pelo profissionalismo, pela coragem e pelo excelente contributo que deu ao jornalismo português e à luta pela preservação do PÚBLICO como o jornal de referência do país.

Delta Sousa e Silva

Agradeço-lhe o texto deste domingo, 2009/09/20. "A questão principal" esclarece o comportamento editorial de José Manuel Fernandes (JMF) nesta questão do PR/PM.

Não quero tirar nenhuma centralidade ao tema político PR/PM: desde a veracidade da existência de escutas, até à existência de "plantação" de uma notícia/acusação pelo presidente.

No entanto, como expôs no seu artigo, a direcção do jornal deu seguimento a tal "notícia" sem bases. Não parece ser apenas mau jornalismo, mas também actuação política premeditada.

Para mais, lê-se no seu texto: "Na sexta-feira, o provedor tomou conhecimento de que a sua correspondência electrónica, assim como a de jornalistas deste diário fora vasculhada sem aviso prévio pelos responsáveis do PÚBLICO".

Faço notar que na página de entrada no site do PÚBLICO vem destacada "A FRASE": “Nunca pensei que um jornal em Portugal publicasse e-mails internos de outro. (...) Estamos perante um comportamento pidesco.” Vicente Jorge Silva, Correio da Manhã, 19-09-2009.

Até que ponto JMF pode ir na hipocrisia de defender valores de "verdade jornalística", ou qualquer outro "valor democrático", depois de vasculhar emails alheios! Creio que mesmo sendo um e-mail de trabalho isto é uma ilegalidade(confirmei com o informático do meu trabalho).

Também me parece que anda um clima pidesco no ar -- todas estas notícias são escritas em torno de possíveis escutas e de correspondência vasculhada.

Isto, por si só, fez-me decidir deixar de comprar de vez o PÚBLICO enquanto JMF for da direcção. Assim agradecia que expressasse o meu pedido para a demissão da actual direcção do PÚBLICO.

Pedro Jorge

Há anos que não se assistia em Portugal a um escândalo político/financeiro/jornalístico desta garvidade e dimensão. Um PR militante de um partido que, sem provas, ataca um Governo do partido rival e sugere a um jornal de referência que publique sobre isso falsidades. O jornal publica, o dono do jornal aplaude e o director do jornal enreda-se numa imensidão de contradições e de falta de ética. Que espera José Manuel Fernandes para abandonar o cargo salvando o que resta da sua dignidade?

J.R.S.

Sou leitor assíduo do PÚBLICO e fiquei indignado com a vossa página no jornal de hoje, domingo 20, não só porque o registo expressivo é pouco claro e elucidativo mas, sobretudo, pelo conteúdo: dá a entender que o PÚBLICO, pelo facto de escrever sobre uma suspeita, como foram as notícia de Agosto, estava a fazer um golpe baixo a Sócrates e a proteger Cavaco. Se o senhor prestasse atenção ao que os socialistas mais chegados a Sócrates afirmaram do chefe de Estado, após a apreciação da inconstitucionalidade do Estatuto dos Açores, o senhor provedor deixaria de ser tão ingénuo e pensaria duas vezes antes de pôr a mão no fogo. Sócrates e os seus sequazes, pela manutenção no poder, são capazes disso e muito mais. O povo está farto de tanta diletância, tanta vaidade, pose e incompetência e de tantos jornalistas/assessores sem coluna vertebral que acreditam na cock and bull story de Sócrates.

Lídia Lispor

É censurável sob todos os pontos de vista o comportamento dessa figura inqualificável que dirige o jornal. Dizer na SIC o que disse, para além de outras declarações a outros orgãos de comunicação, terminando por dizer que o mail, o tal mail, foi reencaminhado no dia em que foi contactado por outros orgãos de comunicação, só pode ser dito daquela maneira por um jornalista na esteira da Manuel Moura Guedes. De facto, se o mail foi reencaminhado, só tem que ser averiguado por quem e por quem dentro do jornal... Talvez os serviços secretos se tenham aí introduzido através da... banda larga! É preciso desfaçatez para que esse jornalista, que não dignificou o cargo que ocupa, colabore em fantochadas destas e que tenha consentido, anuído mesmo, a um mail cujo texto é um hino à estupidez e à intriguice como arma de arremesso político. Depois dizer que a revelação servia os interesses do governo e do primeiro-ministro é confessar que ele estava interessado em esconder para o prejudicar... Pobre criatura essa. Pelo menos, eu como cidadão reformado, não inscrito nem militante de nenhum partido, no limiar dos 65 anos, quero viver num País livre de Manuelas M. Guedes, quer usem saias ou calças!

Parabens pelos seus textos críticos e recomendações num jornal que só leio aos fins-de-semana, mas que, se não arredar caminho, não irá longe. Ainda bem que consta que esse Director vai fazer companhia à sua admiradora e só espero que o jornal seja mesmo isento, democrático, pluralista, fonte de bons jornalistas, mas nunca de sabujices como tudo o que sai retratado no mail!

José Ventura

Não posso deixar de lhe agradecer a sua crónica 'A questão principal', por mostrar que afinal não estamos todos loucos. Confesso que tendo já alguma dificuldade em acompanhar a pouco séria campanha da asfixia democrática (no continente mas não na Madeira!) vejo surgir uma nova campanha, menos fundamentada ainda, mas agora pela mão dum jornal prestigiado, mais precisamente pela mão do seu director (menos prestigiado é certo!), atirando irresponsavelmente e, vá-se lá saber com que intenções, o PR contra o primeiro-ministro. Não pode o PR deixar de, e com urgência, esclarecer publicamente estas notícias e demitir o seu incompetente assessor.

Por outro lado, parece-me que também era oportuno lembrar ao senhor engenheiro Belmiro de Azevedo (são cada vez mais os envolvidos nisto) que se a liberdade de imprensa é um bem inestimável a honestidade e a lisura de procedimento ainda é bem maior.

João Oliveira

Foi com bastante mágoa que tive notícia, através da sua crónica de hoje, do "clima de nervosismo" que se instalou na redacção do PÚBLICO. Estamos tão habituados a ver os políticos amiudadas vezes acusados de se excitarem em tempos de campanha eleitoral, e eis que constatamos que os media podem ser atacados da mesma paranóia viral - e isto para não mencionar outros orgãos de soberania!

Recapitulemos: o insucesso da OPA; a viragem do PÚBLICO; a recente entrevista do Sr. Belmiro de Azevedo. Esta última explicitou, para fraco entendedor, aquilo que qualquer entendedor mediano já tinha intuído: que há, como nunca houve, na ainda curta vida do jornal, uma sintonia total entre a propriedade e a direcção do jornal. É como se o produto tivesse acertado o passo com a estratégia de forma tão feliz que mesmo o bom do Schumpeter já deve estar convencido de que, enfim, há prejuízos que vêm por bem.

Mais espinhosas se afiguram as perspectivas para os leitores e para o Provedor. Os primeiros porque aceitaram o paradigma do jornal de referência, mas já ninguém sabe dizer com rigor (ou sem ele) que espécie de referência é que a actual direcção do jornal ambiciona; o segundo parece tão apegado a valores caducos que ainda agora, neste ano da graça de 2009, se dá ao luxo de exibir citações do Livro de Estilo, o mesmo que a OPA meteu na gaveta!

O PÚBLICO, enquanto produto, tem dois problemas: os leitores e o Provedor. E não se pode exterminá-los?

Vasco Almeida

O Provedor no seu melhor, e a actuar devidamente, sinto-o e felicito-o. E sinto que algo está por esclarecer. Não entendo o qu~e, mas este não está a ser o J.M.F. de há 10 anos, não só por isto, como até pelo conteúdo de alguns editoriais, de há um ano a esta parte – poucos e ainda bem -, e não só. Porquê?

Augusto Küttner de Magalhães

Sou uma cidadã idosa, reformada e pobre, mas atenta à comunicação social. Fui leitora do PÚBLICO, mas o comportamento do Director, do crítico de televisão Cintra e muitos comentadores levou-me a reparar no primeiro-ministro, o que me levou a simpatizar com ele e a admirar a sua persistência e força de vontade, semelhantes às minhas, quando era útil à sociedade, e a que os fracos chamavam arrogância. Não sou do PS nem de qualquer outro partido, a maior parte das vezes sou abstencionista, mas, desta vez, vou votar no Sócrates, e jamais votarei em Cavaco, que acho ser pessoa indigna e vingativa. Desejo para si as maiores felicidades, pois a tarefa que está a desempenhar não é nada fácil, como não é a de Bettencourt Resendes. Depois do desaparecimento de Cáceres Monteiro, restam os dois para exemplo dos mais novos, pois são autênticos "moicanos".

Lídia Sousa

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