segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sobre a crónica "Notícia e interpretação"

O editor de Desporto deu as suas explicações, que o provedor considera convincentes, mas eu gostaria que ana-
lisasse o seguinte:

Não é natural e óbvio que o clubismo de quem apresenta as suas reclamações seja mais evidente do que os "isentos" jornalistas que trabalham nessa casa? Eles até se assumem, reclamam frontalmente! Quantos jornalistas de desporto assumem frontalmente o seu clubismo? Será que na sua formação recebem uma vacina anti-clubismo, com duração e eficácia ad eternum? Será que Jorge Miguel Matias foi ou é capaz de seleccionar uma equipa de colaboradores 100% isenta, objectiva, que só relata factos? Será que, num estilo yankee, tão querido do director José Manuel Fernandes, forem submetidos ao detector de mentiras a propósito do seu
clubismo, estarão todos virgens ou inocentes? Será que um jornalista adepto ou simpatizante do FC PORTO é capaz de ver, relatar ou opinar de forma isenta sobre um jogo do que é conhecido por "glorioso"? Quantas vezes?

Se Jorge Miguel Matias está tão seguro - até pode dar garantias sobre a isenção dos seus colaboradores -, por que não convida ou faculta a esses seus colaboradores a possibilidade de assinarem todos os artigos e simultaneamente mencionarem as suas posições em relacção ao "maldito" clubismo - ISENTO; ANTI-CLUBISMO; SIMPATIZANTE de ... ; ADEPTO de ...; ADEPTO/ACCIONISTA de ...; ANTI ...?

Com esta iniciativa ficariamos todos melhor: os isentos jornalistas ficariam mais tranquilos na sua consciência porque facultariam factos importantes para percebermos as suas opiniôes/interpretações (gostei muito das suas considerações sobre o Livro de Estilo - mas vá acompanhando a prática ). Os infelizes reclamantes, vitímas dessa doença terrível que é o clubismo, ficariam melhor posicionados para perceberem essas opiniões/interpretações, até porque "não é possível separar a informação sem opinião".

O PÚBLICO, sobre a direcção desse autêntico farol do jornalismo português, teria uma iniciativa inédita, que contribuiria de forma significativa para um jornalismo desportivo mais credível e verdadeiro.

Vamos ser sérios a assumir de uma vez para sempre quem somos e ao que andamos.

O provedor já sabe que eu sou adepto do FC PORTO. Atingido pela grave doença, que só não atinge jornalistas, aos 3 anos, ainda vivo e já lá vão 60. Ao que ando? Neste momento a caminho da reforma, se lá chegar, tento sobreviver e acima de tudo continuar a lutar pelas minhas convicções.

O clubismo que temos é em grande parte construído pelo falso, corrupto e pouco qualificado jornalismo desportivo que se continua a publicar. Associar o clubismo apenas a uma doença que afecta a psique nacional e aos comentadores da TV que perdem as estribeiras não é rigoroso, nem correcto. Basta observar o enorme contributo que, a nível mundial, os clubes desportivos, os seus adeptos/associados pagadores e
consequentemente o clubismo têm facultado à humanidade nos mais diversos domínios (incluindo o jornalismo).

Jorge Moreira

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