sexta-feira, 13 de junho de 2008

Inexplicável

No dia 2 de Junho, Cavaco Silva levou um seta na horizontal (nem sobe nem desce) porque, segundo a coluna, "preferiu motivar a pedir a taça" (pág. 44). Em minha opinião, temos aqui o PÚBLICO a enveredar pelo fanatismo futebolístico-selecção-Scolari que envolve Portugal em alturas de europeus e mundiais. Que temos equipa para fazer muito boa figura e, quem sabe, com trabalho, sorte e boa preparação táctica, chegar à final, isso toda a gente sabe. Agora, termos equipa para que seja obrigatório (como o jornal insinua) exigir a Taça, isso já não me parece razoável. E muito menos deve ser o Presidente da República a fazer tal exigência. Já basta o constante apelo da comunicação social para que a Selecção traga a Taça para casa.

A 4 de Junho, José Mourinho é presenteado com um sobe pela coluna do PÚBLICO, após a sua apresentação (falou inclusivamente em italiano) em Milão, para treinar o Inter. No fim dessa coluna, ainda se descreve o triste facto de Mourinho se ter recusado a falar português quando um jornalista do nosso país lhe fez uma pergunta na língua de Camões. Logo de seguida um jornalista britânico questiona Mourinho e este responde no seu inglês pouco ortodoxo. Ou seja, deu-se o caso de um português, fora do seu país e perante um batalhão de jornalistas de todas as nacionalidades, se ter recusado a falar na sua própria língua, optando pelo italiano (compreende-se, pois estava em Itália) e pelo inglês (já não se compreende). De certeza que, se fosse um ministro ou um líder de um partido a adoptarem semelhantes comportamentos, o PÚBLICO não hesitaria em atribuir um desce.

O mais ridículo, quanto a mim, é mesmo o facto de o PÚBLICO, no sobe de Mourinho, ter referido esse triste incidente, atribuir-lhe nota negativa e mesmo assim optar pelo sobe! Já Cavaco, por ter tido uma atitude muito sensata e contrariando todo o entusiasmo e adrenalina que se tem por cá (o que só é contraproducente para a nossa selecção) é presenteado com um nem sobe nem desce. Inexplicável!

Rodrigo de Almada Martins, Porto

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