quarta-feira, 7 de maio de 2008

Os golos "irregulares" do FC Porto

O jornalista do PÚBLICO Jorge Miguel Matias, autor do texto “Uma vitória regular do FC Porto com dois golos irregulares”, analisado na última crónica do provedor, enviou a este o seguinte esclarecimento posteriormente à publicação dessa crónica:

Segundo sei, entrou em contacto com o editor do Desporto na tentativa de obter uma resposta para as cartas recebidas em relação a uma crónica de jogo de minha autoria, não tendo recebido uma reacção em tempo útil. Refiro-me à crónica da partida entre o Vitória de Setúbal e o FC Porto, publicada na edição do dia 13 de Abril.

Confesso que esperava ter sido directamente contactado pelo provedor, uma vez que sou o autor do texto. Por isso, aproveito para manifestar a minha estranheza por tal não ter sucedido.

Agora os factos.

O título da crónica do jogo está errado. Isto porque as imagens televisivas comprovaram posteriormente que o primeiro golo do FC Porto é legal e não ilegal, como foi escrito. Trata-se portanto de um erro grave, porque induz em erro o leitor e deveria ter sido alvo de um PÚBLICO errou. E do qual, obviamente, me penitencio e apresento as minhas desculpas.

Posto isto, não pretendendo justificar mas sim explicar o erro, desejo acrescentar o seguinte.

Pergunta um dos leitores: “E o jornalista não teve pelo menos uma ligeira dúvida antes de ditar a sua sentença e de a destacar em título do artigo?” Sim, teve uma ligeira dúvida, até porque as condições de trabalho no Estádio do Bonfim estão longe de ser as ideais para analisar lances de alegado fora-de-jogo. Por isso ligou para a redacção e falou com um colega. Fê-lo, precisamente, para esclarecer a dúvida recorrendo às imagens televisivas. E a resposta que obteve foi a de que o golo era irregular.

Mas, para além desta “confirmação”, o jornalista estava a acompanhar o jogo também pelo relato da Antena 1. E nessa estação de rádio é comentador residente para a arbitragem o ex-árbitro internacional Jorge Coroado, referido pelo leitor como tendo escrito na edição do dia seguinte no jornal O Jogo que o golo era regular. Só que ao longo dessa emissão de rádio, e recorrendo às imagens televisivas, esse mesmo árbitro considerou o golo irregular. Aparentemente, mudou de opinião posteriormente. Mas, em antena, a sua avaliação do lance foi a de que se tratava de uma jogada irregular, talvez porque as primeiras imagens televisivas davam a entender que o lance era, de facto, irregular.

Em suma.

O jornalista teve dúvidas em relação ao lance e para as esclarecer fez exactamente o que foi sugerido por um outro leitor. Utilizou o telemóvel e ligou para a redacção à procura de uma segunda opinião fundamentada em imagens televisivas e recolheu a informação de um ex-árbitro internacional. E as duas opiniões foram coincidentes, servindo de base ao título e à crónica de jogo. Já em relação ao recurso à internet, ele era simplesmente impossível. De facto, estamos na era da world wide web, mas o computador portátil que foi entregue ao jornalista para a cobertura do jogo não permite o acesso à internet.

Mais.

Esse mesmo computador pura e simplesmente não funcionou. Ou seja. Toda a crónica e o positivo e negativo do jogo tiveram que ser ditados para a redacção. Uma situação excepcional, tanto mais grave quanto o facto de a partida se ter iniciado às 21h15, terminando pouco depois das 23h. Se em condições normais já há muito pouco tempo para enviar os textos dada a proximidade da hora de fecho, numa situação destas tudo se complicou e impossibilitou uma eventual reponderação de um lance que, por intermédio de duas fontes autónomas, tinha merecido uma interpretação semelhante.

Por último.

Mesmo partindo do princípio de que os dois golos do FC Porto tinham sido obtidos de forma irregular (comprovou-se depois que isso não tinha sucedido no primeiro caso), a crónica reflecte a justiça do resultado que se verificava até ao intervalo. “A forma tortuosa como o FC Porto conseguiu uma vantagem tão ampla não tira mérito à equipa de Jesualdo Ferreira, que até esta altura foi a melhor equipa em campo”, lê-se na crónica.

Assim, à parte o erro factual que não tem justificação (porque é um erro), aqui fica a explicação para o erro. Uma explicação que serve apenas para deixar claro que não faço processos de intenção em relação a qualquer clube, nem tenho ideias preconcebidas sobre quaisquer equipas de futebol. Apenas erro, como qualquer ser humano. Mesmo tentando prevenir um eventual erro, como foi o caso.

Jorge Miguel Matias

NOTA DO PROVEDOR. O provedor agradece a explicação do jornalista, assim como o reconhecimento das falhas havidas, e esclarece que não o contactara previamente porque lhe pareceu, nos casos analisados, estar-se em presença de uma questão de política editorial, pelo que resolvera escrever directamente ao editor de secção (o qual, como foi dito na crónica, não respondeu a tempo, mas que, em nota posterior enviada ao provedor, afirmou pensar que essa crónica era para publicar mais tarde). Por essa razão, o nome dos autores dos textos em causa não era aliás mencionado na crónica. A narrativa de Jorge Miguel Matias sobre a forma como construiu o seu texto leva o provedor a reforçar a recomendação de mencionar outras fontes quando se faz referência aos chamados casos do jogo.

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