quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Incitação à violência?

Na edição online de hoje [22/01], no artigo com o título "Eventual corte de juros atenua quebras nas bolsas", foi publicado, com data de 22.01.08, 10h10, um comentário de ZP, Lisboa, no qual o leitor muito justamente se indigna com determinadas práticas bancárias. Porém, acrescenta: "O pessoal está a ficar farto disto e devia começar a pôr bombas nos balcões para ver se esta gente ordinària tem juízo e ganha alguma dignidade". Este era o único comentário publicado na altura em que o li. Escrevi logo um outro, dirigido aos moderadores do PÚBLICO, chamando a atenção para o facto de o referido comentário não corresponder às exigências dos Critérios de Publicação, por conter uma incitação à violência, pelo que deveria ser retirado, não devendo mesmo ter sido publicado. Surgiu entretanto outro, das 10.36, de Carlos, Porto, escrevendo: "Subscrevo ZP, poucas palavras pra dizer tudo". Ou seja, já há quem vá atrás da ideia de pôr bombas nos balcões dos bancos, e o PÚBLICO continua a publicar. Incitação à violência é crime público que nada tem a ver com liberdade de expressão, pelo que espero que o PÚBLICO retire os referidos comentários e haja de futuro mais cuidado com o que se publica ou deixa publicar.

M. Silva

NOTA DO PROVEDOR. Foi solicitado esclarecimento a António Granado, editor do PÚBLICO.PT, que começa por considerar o seguinte: "O comentário em causa apenas suscitou uma reacção negativa dos leitores, precisamente a que o provedor recebeu. Não me parece, sinceramente, que ZP tivesse como intenção desatar a pôr bombas em balcões de bancos, tratando-se apenas de uma expressão de forte indignação. O próprio leitor M. Silva o diz no seu comentário das 10h48: “Na verdade, eu concordo totalmente com o espírito do comentário de ZP, e acredito que tenha sido a sua justa indignação que o tenha levado a, espero que inadvertidamente, ter escrito 'da boca para fora' a sugestão de pôr bombas nos balcões dos bancos [...].”" Admitamos de facto que se trata de uma (forte) figura de retórica. Só que, apesar disso, António Granado cita a seguir as objecções colocadas por este mesmo leitor para concluir: "Estamos de acordo, até porque o comentário viola os nossos próprios Critérios de Publicação. De futuro, evitaremos a publicação de comentários deste tipo, e agradecemos ao leitor a chamada de atenção que nos fez. Apenas como informação, refiro que o número de comentários no PÚBLICO online tem vindo a aumentar exponencialmente nos últimos meses, o que tem tornado mais difícil a sua filtragem. Em Outubro, recebemos 6.717 comentários; em Novembro, 8.381; em Dezembro, 12.021; e em Janeiro já vamos nos 15.335." O provedor nada mais tem a acrescentar.

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